Envelhecimento não é mais assunto discutido apenas por senhoras, em meio a lamúrias e saudosismo. "As mulheres estão se preocupando com os efeitos do tempo já na adolescência", diz o dermatologista paulistano Mário Grinblat, da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia. Não é preciso tanta antecedência. "Até os 30 anos, a mulher que se cuidou, manteve a pele hidratada, não fumou, não exagerou com o sol, comeu bem e não viveu estressada ainda está na garantia de fábrica. Só depois disso ela deve partir para os cosméticos antienvelhecimento", acredita Walter Guerra Peixe, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia Cosmética. O esforço, ele garante, é bem recompensado à partir dos 40 anos: "Quem se cuida desde cedo ganha cinco anos na aparência em relação à idade cronológica".
PRAZO DE VALIDADE
Alheia ao frenesi da indústria cosmética, uma questão crucial continua sem resposta conclusiva: por que envelhecemos? "Não estamos nem próximos de uma teoria unificada sobre as causas do envelhecimento", diz Emilio Jeckel Neto, do Instituto de Geriatria e Gerontologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Ninguém discorda de que todo ser humano já nasce com seu prazo de validade predeterminado geneticamente - com o tempo, as células perdem a capacidade natural de renovação e o organismo começa a falhar. O fator genético teria um peso de 30% no envelhecimento. Os outros 70% viriam de fatores ambientais - como alimentação inadequada, sedentarismo, estresse e fumo -, que têm o poder de acelerar o processo. Falta descobrir exatamente como agem e um modo de anular seus efeitos.
Pelo menos num ponto há unanimidade: o fumo é um dos fatores com maior poder de acelerar o envelhecimento. "As substâncias contidas no fumo podem prejudicar a renovação celular", explica João Toniolo Neto, presidente da seção São Paulo da Sociedade Brasileira de Geriatria. Os efeitos mais visíveis do fumo aparecem no rosto. Segundo a dermatologista Luciana Conrado, do Serviço de Dermatologia do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, a nicotina entope as microveias responsáveis pela circulação da pele e, num prazo médio de cinco anos, deixa a face do fumante pálida e amarelada. A falta de irrigação adequada também causa flacidez no rosto, deixando vincos profundos, principalmente na região ao redor da boca. "Os efeitos variam de acordo com o número de cigarros fumados por dia e a resistência do organismo do fumante", avisa o dermatologista Walter Guerra Peixe.
O outro grande vilão do envelhecimento da pele é o sol. "Os raios destroem as fibras de colágeno e elastina, causando flacidez e muitas rugas na região dos olhos e na testa. Eles também deixam a renovação celular mais lenta, fazendo com que a pele fique mais espessa, e desregulam as células produtoras de melanina, provocando manchas", enumera a dermatologista Luciana Conrado. Protetores solares ajudam a prevenir esses efeitos, mas não resolvem o problema, já que boa parte deles só é eficaz contra raios UVB. "Eles são a maior causa de câncer de pele, mas o UVA é o grande vilão do envelhecimento, pois penetra mais na pele", diz Walter Guerra Peixe. "É importante tomar sol apenas de manhã cedo e no fim de tarde, e usar também camiseta, boné ou bloqueador solar."
(Flávia Pinho e Mariane Morisawa)